Desigualdade social
A desigualdade social é um dos principais desafios do mundo
atual e sua concepção perpassa por várias esferas da composição das sociedades.
A desigualdade social diferencia as pessoas nas condições de
acesso a novas oportunidades
Por Rodolfo F. Alves Pena
A Desigualdade social é o fenômeno em que ocorre a
diferenciação entre pessoas no contexto de uma mesma sociedade, colocando
alguns indivíduos em condições estruturalmente mais vantajosas do que outros.
Ela manifesta-se em todos os aspectos: cultura, cotidiano, política, espaço
geográfico e muitos outros, mas é no plano econômico a sua face mais conhecida,
em que boa parte da população não dispõe de renda suficiente para gozar de
mínimas condições de vida.
Inúmeros dados e estudos apontam que a desigualdade social e
econômica cresce em todo o mundo. Dados do PNUD (Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento) revelam que 1% dos mais ricos detêm 40% dos bens
globais. Um relatório da ONG Oxfam demonstra também que as 85 pessoas mais
ricas do mundo possuem uma renda equivalente às 3,5 bilhões de pessoas mais
pobres.
Diante desse panorama, que gera inúmeros excluídos e
miseráveis em todo o mundo, surge a questão: o que causa a desigualdade social?
A grande questão é que, desde as construções das
civilizações durante o período neolítico, quando as sociedades passaram a viver
dos excedentes que produziam, as diferenças sociais começaram a surgir. O
problema, nesse caso, é a intensificação da pobreza e da falta de equidade nas
condições oferecidas para que os diferentes indivíduos possam produzir suas
próprias condições de sobrevivência.
O teórico Jean-Jacques Rosseau afirmava que a desigualdade é
um fenômeno que tende a sempre se intensificar no contexto social. As famílias
mais pobres possuem um menor acesso à instrução e às informações necessárias
para alavancar um desenvolvimento próprio, enquanto os grupos mais ricos
possuem um maior nível estrutural para investirem e multiplicarem sua renda e
os largos benefícios advindos dela. Para Rosseau, o que causa a desigualdade é
exatamente a divisão social do trabalho, com a criação da propriedade e dos
bens particulares e não distribuíveis.
Outro pensador famoso por categorizar essa questão foi Karl
Marx. Ele enxergava a sociedade a partir da luta de classes e via a
desigualdade manifestada a partir dos desequilíbrios entre a burguesia e os
trabalhadores, haja vista que a primeira era a detentora dos meios de produção,
controlando e retendo a maior parte dos lucros sobre os bens produzidos a
partir do trabalho coletivo. Essa lógica, perpetuada pela mais-valia,
concentrava a renda e marginalizava os cidadãos, além de criar o exército de
reserva de desempregados, que garantia uma concorrência entre os próprios
trabalhadores, privando-os de sua emancipação.
Max Weber, por sua vez, observou essa questão a partir das
estratificações sociais. As três grandes estratificações ocorrem no campo da
economia, do status e do poder, proporcionando uma diferenciação no acesso à
renda, ao prestígio e ao controle social. Essa acontece por meio da
diferenciação entre habilidades, qualificações e interesses.
A desigualdade social, seja ela intelectual, econômica ou
sob qualquer outra forma, materializa-se no espaço social, ou seja, torna-se
visível na composição estrutural das sociedades, sejam elas rurais ou urbanas.
As cidades e os lugares expressam a diferenciação econômica entre as pessoas,
que é resultante, muitas vezes, de questões históricas que submetem cidadãos e
até grupos étnicos a contextos de subalternidade. Um exemplo foi o processo de
escravidão que até hoje deixa suas marcas no sentido de manter a maior parte da
população negra com baixos níveis de renda e educação.
O espaço social é revelador das desigualdades sociais
O espaço geográfico, por definição, expressa e é expressado
por essas configurações. Muitas sociedades são conhecidas por serem a própria
visão da desigualdade, com destaque para muitos países africanos e outros
centros periféricos do mundo. Mas não é somente aí que reside a miséria e a
pobreza do mundo, que também se apresentam nas periferias de grandes cidades,
até mesmo em metrópoles mundiais, tais como Paris, Nova York, Tóquio e Londres.
Portanto, lutar contra a desigualdade é uma forma de manter a sociedade mais
humana e justa perante os seus cidadãos.
Texto reproduzido do site: alunosonline.uol.com.br
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